Descansa Como o Ser Amoroso
Fecha os olhos.
Deixa o corpo suavizar.
Permite que a respiração retome o seu ritmo natural.
Deixa os pensamentos serem o que são, como ondulações a assentarem em águas calmas.
Já estás aqui.
Nada a alcançar, nada a tornar-se.
Descansa agora, sem esforço, tal como és, sem tentar mudar nada.
Descansa como a testemunha silenciosa, como se fosses o pai ou mãe amoroso(a) de todas as percepções.
Sê a consciência tranquila por trás de toda a experiência — a presença gentil e amorosa que observa,
Inalterada pelo que vê.
Observa a mente como se estivesses a observar uma criança adolescente preocupada a falar,
Tentando proteger, defender, justificar.
Vê os seus movimentos — esforçando-se, julgando, comparando, procurando,
Ansiando por ser vista ou aprovada.
Observa-a com amor e, no entanto, com uma indiferença desapegada.
Deixa que seja testemunhada sem identificação.
Toma consciência do corpo, como abraçarias uma criança a expressar os seus sentimentos feridos.
Leva a atenção ao corpo — especialmente aos seus lugares sensíveis.
Nota as sensações. Deixa-as ser sentidas plenamente,
Como desejam ser sentidas.
Não há necessidade de corrigir ou fugir.
Apenas estar com o que é.
Pergunta suavemente:
Será que a mente adolescente está a criar a noção de "eu" no espaço, tempo, alteridade, "eu"-idade e separação na sua narrativa?
Estarão os seus pensamentos a correr para tentar corrigir, resolver, procurar, evitar, suprimir este "eu"?
Observa como a ilusão de separação se forma e desvanece.
Deixa que a própria pergunta se dissolva no silêncio.
Nota gentilmente:
Está o corpo-criança desconfortável?
Sente as características destas sensações sem as nomear,
Ou seguir a narrativa da mente sobre elas, como se as compreendesse.
Recebe o que surge, como um pai ou mãe recebe uma criança —
Abraçada, segura e vista, com paciência ilimitada.
Não há necessidade de nomear, analisar ou resolver.
Não tenhas expectativa de que as sensações desapareçam.
Permite que se desenrolem, evoluam ou permaneçam —
Livres para se desenvolverem no seu próprio ritmo e tempo.
Sabendo que é uma aparência da tua inocência que estás a acolher.
Retorna ao ser.
Descansa na presença amorosa — sem exterior, sem outro.
Deixa que o ser seja a tua casa.
Sente a alegria espontânea que surge —
Uma vivacidade entusiástica livre de esforço ou identidade.
Permite que os pensamentos de "eu" no espaço e no tempo se dissolvam
Na luz clara da compreensão de que a mente concorda que não sabe se são verdadeiros.
E não há necessidade de velar a tua natureza com definições mentais de qualquer tipo,
Deixa-te ser conhecido(a) por seres isso.
Ouve a vivacidade interior:
Desta quietude pacífica,
O que deseja o amor?
Deixa que o movimento surja naturalmente,
Não como um dever, mas como um movimento confiante e pacífico de vivacidade alegre.
Apontando os teus filhos — a mente e o corpo — na direção unificada do teu ser amoroso.
Observa que pensamento ou ação aparece —
Livre de defesa, livre de procura,
Não nascido do medo ou da falta,
Mas da presença, clareza e amor.
Deixa que a ação surja.
Deixa que se desenrole naturalmente, sem hesitação.
Depois, pausa — observa suavemente:
Foi esta ação nascida da paz e clareza da presença sábia —
A liberdade enraizada do teu ser amoroso?
Carregava a força tranquila do entusiasmo corajoso —
Um movimento natural e destemido do próprio amor?
Protegeu o corpo, expressou alegria interior,
E surgiu livre de qualquer expectativa?
Ou...
Foi uma reação emocional — agarrando-se a algo,
Procurando aprovação, escape ou controlo?
Vê claramente a diferença.
Este é o experimento em ação.
A ação livre honra o corpo, expressa alegria e não procura nada, não ganha nem perde nada.
A reação emocional quer sempre algo —
Um resultado, uma mudança, um sentido de si.
Sente o que permanece.
Se a paz ainda está aqui, se a tua energia é leve e clara,
Agiste a partir da verdade.
Se algum resíduo de apego persistir, não o resistas.
Vê-o. Abraça-o.
Não sigas a mente em narrativas de autoderrota,
Simplesmente, retorna novamente à quietude —
O lar que nunca verdadeiramente deixaste.
Descansa agora,
Não como o fazedor,
Mas como a presença amorosa na qual toda a ação surge e se dissolve.
És inteiro(a).
És livre.
És o ser amoroso.
Sempre.
Com amor,
Freyja